Fundão Terra de Acolhimento

Brasil, Maurícias, Gabão e Índia. Eles vieram para trabalhar e agora só querem ficar.

Estes 6 profissionais altamente qualificados fazem parte dos 500 que trabalham na Capgemini. Chegaram pelo Tech Visa e agora querem ficar!

Portugal atraiu quase 6 mil talentos.

Akimura chegou ao Fundão há três semanas. Engenheiro brasileiro, 47 anos, foi contactado via LinkedIn em novembro do ano passado pela consultora Capgemini Engineering quando vivia em Jacareí, no estado de São Paulo, e trabalhava na empresa de aeronáutica Embraer. A multinacional tinha visto o seu perfil e estava interessada em contratá-lo para os seus escritórios em Portugal. “Fizemos uma entrevista e deu logo match. Em junho comecei a trabalhar a partir do Brasil. Estava previsto chegar em março, mas atrasou devido à pandemia.” É a sua primeira experiência laboral no estrangeiro. Com ele trouxe a mulher e as duas filhas, de 8 e 11 anos, e não lhe faltam compatriotas no local de trabalho nem imigrantes como ele, dos quatro cantos do mundo. Só nesta consultora trabalham mais de 500 estrangeiros de cerca de 50 países extracomunitários, como Nepal, Ilhas Maurícias, Camarões ou África do Sul. São já cerca de 30% do total de colaboradores da empresa em Portugal. Está longe de ser caso único. A escassez de profissionais altamente qualificados no país, particularmente em alguns sectores, está a levar cada vez mais empresas a recrutar no estrangeiro, sobretudo fora da União Europeia (UE). Nos últimos cinco anos, Portugal conseguiu atrair quase seis mil (5994) imigrantes com elevadas qualificações, 23 a cada semana, com perfil idêntico ao de Atsunori, e histórias em quase tudo iguais: com formação superior, a maioria ligada à área tecnológica, e, desde 2019, contratados em tempo recorde, com direito a tratamento prioritário nos consulados e autorização de residência express. Segundo dados do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), chegam principalmente do Brasil, mas também da Índia, China e Irão.

“Estávamos em Portugal desde 2013 e percebemos que no país não havia profissionais qualificados em número suficiente para as necessidades. Recrutar no mercado europeu não era alternativa porque os salários são bastante mais altos. Por isso, começámos a explorar a possibilidade de recrutar noutros países”, explica Maria da Luz Penedos, diretora de operações da Capgemini Engineering Portugal.

Mas o processo de visto não era fácil, nem rápido. “Portugal tratava profissionais altamente qualificados da mesma forma que qualquer outro imigrante, o que não fazia sentido. Então, fizemos várias sessões de trabalho com o Governo para criar um visto mais simples e que fosse prioritário. Acabámos por ser impulsionadores do programa”, revela. O programa, de seu nome Tech Visa, arrancou no início de 2019 para facilitar a captação de quadros especializados com residência fora da UE. As empresas precisam de obter uma certificação pelo IAPMEI e só então têm acesso a esta via verde da contratação internacional, que concede aos imigrantes um visto e autorização de residência em cerca de dois meses, com a simplificação dos procedimentos nos postos consulares e dispensa do agendamento presencial e da obrigação de apresentação de contrato junto do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).

Criado inicialmente apenas para empresas tecnológicas, quatro meses após o arranque estendeu-se a todos os sectores, apesar de continuar a ser preferencialmente utilizado pela área que lhe dá nome. A adesão foi imediatamente visível nas estatísticas consulares: logo em 2019, os pedidos de vistos de residência para atividade altamente qualificada, docente ou cultural — que incluem os Tech Visa — dispararam 66%, de 830 para 1377. Só este ano, mais de 300 empresas obtiveram certificação para poderem contratar profissionais fora da União Europeia, entre as quais a Farfetch, a Talkdesk, a OutSystems e a Feedzai, os quatro unicórnios portugueses (empresas de base tecnológica avaliadas em mais de 1000 milhões de dólares).

Para poderem recrutar ao abrigo do Tech Visa, as empresas precisam de ter uma atividade orientada para o mercado externo, uma situação líquida positiva, não ter dívidas fiscais ou à segurança social, nem ter salários em atraso. Já os imigrantes a contratar têm de ser licenciados ou ter um curso técnico profissional de nível 5 com experiência mínima de cinco anos em funções especializadas, um contrato de trabalho com duração de, pelo menos, 12 meses e vencimento acima de €1097 mensais.

Apesar do impulso que o Tech Visa deu à vinda de imigrantes altamente qualificados para Portugal, os números ainda ficam muito aquém do que o país precisa, frisa a demógrafa Maria João Valente Rosa, que lamenta que o programa tenha muito pouca visibilidade, por exemplo em comparação com os vistos gold. A diferença no mediatismo e na aposta feita nos dois tipos de visto reflete-se nas entradas: desde 2016 foram concedidas 7087 autorizações de residência a imigrantes devido à sua capacidade financeira e 5994 em virtude das suas qualificações.

Fonte

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