Também a família de David Summers, Laura Armour e o filho abandonaram o Reino Unido em agosto de 2018, e rumaram ao concelho do Fundão com o intuito de fugir da cidade. “Ao contrário do Reino Unido, em Portugal conseguimos ter mais espaço para viver com menor poder de comprar. Como o salário é mais baixo é possível ter uma vida relativamente boa”, considera David.
Reformado depois de um percurso de cerca de 35 anos no setor automóvel, encontrou em Portugal um país mais verde do que esperava, durante umas férias em Albufeira, no Algarve. “Esta zona é fantástica, especialmente para britânicos reformados. É um sítio tão bonito e especialmente barato para nós”, conta Summers. Espanha ficou logo fora de questão para o casal pois não queriam mudar-se de “Inglaterra para a Little Britain porque, nos últimos anos, muitos britânicos decidiram mudar a sua residência para lá”.
“Ficamos empolgados com o país e decidimos procurar um local no interior de Portugal. Começámos a procurar terrenos na zona de Pedrógão Grande, mas ouvimos dizer que nesta zona onde nos encontramos agora [concelho do Fundão] é mais barata e acabámos por ficar aqui”, refere David Summers.
Com um filho para educar, os britânicos sentiram dificuldades na aprendizagem da língua portuguesa. “Decidi colocar o meu filho na escola pública e não num ensino especial em inglês para que aprendesse português e fizesse amigos. Pode ser difícil no início mas acaba por ser útil para ele no futuro”, acrescenta. Ainda assim, reforça que “as coisas não são tão difíceis em termos de comunicação hoje em dia, pois a segunda língua mais falada em Portugal é o inglês. Prova disso é que, se ligarmos a televisão, ouvimos inglês a toda a hora”.
A elevada “burocracia do papel” e preço da eletricidade são alguns dos aspetos menos positivos destacados por Summers. “Os preços são tão altos que comprámos uns painéis solares para a nossa casa, na tentativa de reduzir a fatura”. No que concerne aos benefícios fiscais, o britânico salientou a falta de informação relativa aos mesmos.
O futuro da família é idealizado em Portugal, não pretendendo voltar para o Reino Unido, local onde destaca que a criminalidade aumentou, tal como a insegurança. David adianta ainda que não teme os efeitos do Brexit porque “Portugal e Reino Unido têm uma relação histórica”. “Vivendo nesta zona, parece que regredi várias décadas e estou em Inglaterra do anos 80, e vejo isso como algo muito atrativo. Podemos deixar as portas abertas e as pessoas desta comunidade são descontraídas”, conclui.